domingo, 2 de abril de 2017

Zabriskie Point (1970), M. Antonioni

É mesmo uma estrada infinita, o tiro de salva de canhão do movimento libertário dos anos 60. Não diria que em números redondos acaba em 70, mas está bastante próximo. Como tantos paraísos (Julles et Jim?) acabam num banho de sangue, o caminho de um mundo só de amor e fusão telúrica na unidade essencial com o universo acaba numa estrada infinita. E houve quem a percorresse e quem preferisse perecer. Mark, o próprio e o actor, são como essas flores pessoanas que nascem para morrer no mesmo dia, demasiado esplendorosas
para o calvário do envelhecimento e da morte do ideal.
Daria, bondosa, nasceu para o amor e a alegria e só isso a mantém. Não consegue, por isso, recordar Mark a não ser com alegria mesmo que já não esteja entre nós. Como se não bastasse, a atribulada viagem de um só dia que empreende acaba numa casa incrustada nas montanhas, como que uma violação da natureza.
E sim, como diz o tema final: "there will be allways a Zabriskie Point anywhere". Sim, haverá, fora o que morreu para semple na grande explosão.

Sem comentários:

Enviar um comentário